quinta-feira, 6 de novembro de 2008


Previously on “Anabel McCallister”:

- Qual é o problema?
- Problema?
- De nós dois. Já estamos juntos há mais de um ano, Bel. Nós nunca... você sabe! Qual o problema? É comigo?
- Não há problema nenhum. Eu só não sei se estou pronta, ainda.
- Vou esperar o tempo que você achar necessário, então.

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- Eu não sei como você vai fazer. Isso não é problema meu. Mas quero meu nome e o de Bernard fora daquela lista de concorrentes para o concurso de “Rei e Rainha do Baile” até amanhã!
- Bernard achou uma boa idéia...
- Você falou com Bernard sobre isso?
- Claro que sim. Ele também não gostou inicialmente da idéia, mas... depois que eu disse que o prêmio era uma viagem para a Itália, uma semana, só vocês dois...
- Você falou com Bernard sobre isso??? Ele CONCORDOU?
- Sim! Bel, você e Bernard estão precisando de um tempo, sozinhos...
- Do que eu e Bernard estamos precisando, não é da sua conta. Se ele gostou da idéia, que participe SOZINHO. Não vou e essa é minha palavra final. Cuide para tirar meu nome daquela lista, imediatamente!

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- Não vai embora!
- Me dá um motivo pra ficar aqui e continuarmos essa discussão.
- Eu te amo, seu idiota! Não deu pra perceber isso?

[...]

- Sobre o concurso...
- Esquece isso. Não participamos e pronto.
- Não, para falar a verdade... Não me parece tão má idéia assim.
- Eu estou entendendo direito? Nós vamos participar?
- Se você ainda aceitar...
- Eu posso fazer um esforço!

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- Os vencedores e Rei e Rainha do Baile de Formatura da turma de 1999 são: ANABEL MCCALLISTER E BERNARD LESTEL!

ººº

Agosto de 1999

- Então, tudo pronto? – Mamãe apareceu na porta do quarto quando eu acabava de fechar o zíper da mala. Viajaria com Bernard para a Itália, em algumas horas.
- Tudo. Isabel trouxe todos os documentos de reservas que estavam faltando e claro, mais dois ou três pares de sapatos, cinco jaquetas, algumas calças, saias e blusas... Ela não perderia a oportunidade de me tentar a levar algumas roupas um pouco mais modernas. – rimos. Mamãe se sentou na minha cama, e eu também.
- Tem algo que quero te contar. Ia deixar para quando você voltasse de viagem, mas acho que é melhor agora... – ela desmanchou o sorriso e ficou séria.
- Fala. Você está me deixando preocupada! – pressionei.
- Não tem de se preocupar. É só que...
- Que?
- Eu e seu pai estamos namorando! Pronto, falei.

Ficamos em silêncio alguns segundos, nos encarando, até que comecei a rir sem parar. Ela pareceu se assustar com minha reação e sorria nervosa. Quando consegui parar, seus olhos formavam um ponto de interrogação.

- Todo esse suspense e esse medo pra me contar...isso? – perguntei ainda rindo e ela pareceu se irritar.
- Anabel! Pensei que você fosse ficar brava!
- Porque ficaria? Vocês se gostam ainda, isso é nítido. Tem mais é que ficar juntos mesmo.

Ela me encarava um pouco nervosa ainda, mas depois riu.

- Está tão nítido assim?
- Sim. Como 2 e 2 são 4. No dia da formatura eu soube que era só uma questão de tempo, até se acertarem novamente.
- Estamos parecendo dois adolescentes, não é? – ela perguntou sorrindo e concordei. – Depois de tanto tempo separados, tantas coisas aconteceram. Mas quando nos vimos novamente, parece que tudo parecia tão certo!
- Agora não tem um Grimoire jogando maldições em ninguém mais. Você e papai foram separados por pressão. Merecem ser felizes. E se estão, juntos, então eu estou feliz por vocês.
- Richard disse que Isabel teve a mesma reação que você, quando a contou. Às vezes até acho que vocês já estavam combinadas... – deixou a voz ir morrendo propositalmente, esperando uma confissão. Sacudi os ombros.
- Não fizemos nada. Só proporcionamos um reencontro de vocês na nossa formatura, o que aconteceria, ocasionalmente.
- É. Nós mordemos a isca então. – ela sorriu e seus olhos brilharam. Pareceu distante em pensamentos alguns segundos, mas logo “voltou” e me olhou – Obrigada. Por me dar apoio e não me julgar. Até parece que você é a mãe aqui... Mas você sabe que pode conversar comigo sobre qualquer coisa também, não é?

Concordei com a cabeça e nos abraçamos. De fato, um assunto não saía da cabeça nos últimos dias e não conhecia ninguém melhor do que ela, para conversar sobre isso.

- Na verdade, mãe, eu também quero te contar algo. – nos separamos e fiquei séria, sentindo meu rosto arder. - Sobre mim e Bernard.
- Ah... Entendo. – ela respondeu esperando que eu falasse.
- Nós estamos juntos há bastante tempo, mais de dois anos, e nunca... – a frase morreu e eu não conseguiria completar. Estava constrangida demais para isso. – Nunca...
- Nunca o que? Transaram? É isso? – ela completou por mim e me senti grata, apenas concordando com a cabeça. Ela sorriu. – E você está com medo?
- É... – recomecei me sentindo um pouco mais à vontade. - Eu o amo, de verdade, e tenho certeza de que é com ele que quero ficar. Ele disse que vai esperar quanto tempo for necessário, até que me sinta pronta. A verdade é que eu JÁ me sinto pronta, mas tenho medo de várias coisas. De não saber o que fazer, é o maior deles. Quero dizer, em toda a minha vida, eu sempre soube o que fazer! Entende? E se sair tudo errado? E se Bernard desistir de mim?

Ela escutou tudo o que eu dizia atentamente, e quando terminei, ela sorriu gentilmente.

- Estou me lembrando de quando eu estava na mesma situação que você. Mas claro, não conversei sobre isso com minha mãe e sim com sua tia Sophia. Vou tentar ser tão boa conselheira para você como ela foi para mim. Primeiro: se você o ama e já tem essa certeza de que é com ele que você quer dar esse passo, então vocês dois já têm vários pontos positivos para si próprios. E bom saber que ainda existem garotos como Bernard, pacientes. Essa atitude dele já põe abaixo o medo que você tem de ele desistir de você. Ele também te ama, é fato. Segundo: para tudo tem uma “primeira vez”. Você sempre soube o que fazer porque eu te eduquei assim. Mas você não nasceu sabendo tudo. No seu primeiro dia de aula, por exemplo, você não sabia o que fazer também. Tive que ir te buscar na escola, pouco tempo depois de ter te deixado lá, porque você não parava de chorar... E quem te garante que Bernard também saiba o que fazer? Mesmo que ele já tenha tido experiências anteriores, cada caso é um caso. Acredite em mim: vocês dois vão aprender juntos o que fazer e como fazer, quando for a hora certa. Não tem como eu te passar um roteiro de como agir e não tem como dar errado.

Ficamos em silêncio por vários minutos. Ela me puxou para um novo abraço, dessa vez, mais forte que o anterior, e passou a mão pelos meus cabelos.

- Estar insegura é normal, minha filha, mas você vai ver que tudo vai sair bem. Vocês se amam. Essa equação já possui resultados definidos, ainda que os cálculos dela estejam um pouco confusos, por enquanto...

Concordei com a cabeça, respirando fundo e tentando não ficar ansiosa. Ouvimos um estalo alto no andar de baixo e nos separamos. Levantei de um salto.

- É Bernard! Deve ter chegado por flú.
- Bel?! – a voz de Bernard foi ouvida e sorrimos. Respondi pedindo que ele subisse e poucos segundos depois ele apareceu na porta do quarto.
- Como vai Bernard? – mamãe perguntou pomposa estendendo-lhe a mão, que ele apertou sem graça.
- Bem. E você, Rebecca?
- Também. – ele me olhou um pouco tímido e mamãe sorriu me dando uma piscadinha. – Bom, vou deixá-los à sós. Apressem-se. A Itália espera por vocês!

Saiu do quarto e assim que fechou a porta, pulei no pescoço de Bernard pegando-o de surpresa. Ele sorriu e nos beijamos.

- Bela recepção. – respondeu quando nos separamos alguns segundos. Sorri. – Esse beijo estava com um gosto diferente, ou é impressão minha?
- Gosto de ansiedade para conhecer todos os museus da Itália. Vamos?! – perguntei estendendo-lhe a mão, e ele pegou concordando com a cabeça, também animado.

Em poucas horas, desaparatamos no local onde Isabel havia marcado, na cidade de Veneza. Tudo ali parecia lindo e romântico, mas nada parecia tão “exato” para mim do que eu e Bernard, juntos.

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Os dois primeiros dias da viagem haviam sido gastos em Veneza, que com certeza só perdia para Paris no quesito de “cidade mais romântica do mundo”. A cidade é bem pequena e “familiar”, com vários canais cortados por pontes em arco e gôndolas deslizando em silêncio pelas águas. Eu e Bernard já havíamos percorrido praticamente toda ela a pé e conhecido todos os melhores museus, lojas, restaurantes, igrejas e palácios. No dia seguinte, iríamos para Roma.

Havíamos acabado de jantar no Florian (à luz de velas e com direito a orquestra composta por violino, acordeão e contrabaixo) e voltamos para o hotel, caminhando de mãos dadas pelas ruas, sem pressa. A semana mal tinha começado e já ameaçava acabar, obrigando-nos a voltar para nossas realidades bem mais “cruas”. Bernard foi até a recepção pegar as chaves de nossos quartos e quando chegamos à porta do meu, ele me deu um beijo rápido e já foi se virando para entrar em seu próprio quarto, ao lado.

- Bê! – chamei depressa e ele parou no meio do caminho, virando-se. Queria falar para ele que não precisava ir para seu quarto, mas não saiu nada e ficamos nos encarando em silêncio. Ele já ia me perguntar o que tinha acontecido, mas me precipitei o alcançando e dando-lhe um beijo longo.
- O que foi isso? – ele perguntou meio assustado, meio rindo e sacudi os ombros.
- Eu estou pronta. – foi a única coisa que consegui dizer e ele não entendeu de imediato. – Você não precisa ir para o seu quarto. – completei a frase e ele arregalou os olhos de surpresa, esperando que eu confirmasse se ele tinha escutado direito. Sacudi a cabeça afirmativamente, sorrindo, e não precisei dizer mais nada. Ele me abraçou com força, me levantando alguns centímetros do chão e me beijando. Foi me carregando desse jeito até meu quarto, fechando a porta com o pé assim que passamos.

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Enquanto isso, em um pub qualquer de Paris...

- A essa hora o nosso casal “majestoso” predileto deve estar arrumando as malas. Amanhã eles saem de Veneza e vão para Roma. – Isabel consultou um roteiro que tinha feito para eles, pensativa. – Será que estão aproveitando a viagem? Com certeza vão querer conhecer todos os museus... – ela riu imaginando os dois saltando de um museu a outro.
- A pergunta é: será que estão aproveitando a viagem como ela de fato deve ser aproveitada? – Samuel levantou a questão e todos riram.
- Será que Bel cedeu? Será que fez Bernard feliz? Será que finalmente vou ter paz??? Eis as questões. – Ian continuou, arrancando ainda mais risadas.
- Só digo uma coisa: se não for dessa vez, só depois do casamento. – Dominique completou. As gargalhadas na mesa estavam muito altas, mas não o suficiente para sufocarem os ecos que os sinos da Catedral de Notre Dame fizeram, ao começarem a badalar. Todos se silenciaram por breves segundos.
- É um sinal!!! Deu certo! – Isa disse animada cortando o silêncio e as risadas recomeçaram. Ian levantou sua própria taça ao centro da mesa.
- Um brinde! Eles merecem! – brindaram e ele abriu um sorriso malicioso. – E se eu ligasse para o hotel agora e pedisse para falar com eles?
- Você não faria isso! Esqueceu que a sanidade do Bernard e a nossa está em jogo? – Dominique perguntou depressa.
- Mesmo que fizesse, acho que não conseguiria nenhum resultado... Bernard deve ter arrancado todos os aparelhos eletrônicos das tomadas, só pra não correr o risco. Até o frigobar. Quer dizer, o frigobar não. Vão precisar do conteúdo dele para sobreviver, porque sou capaz de imaginar os dois trancados no quarto por pelo menos dois dias seguidos...
- Vocês são tão maldosos! – Anne comentou, mas também sem conseguir conter as risadas.

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- Nossa! – exclamei sorrindo e apoiando minha cabeça no ombro de Bernard, deitado ao meu lado. Rimos.
- Nossa... – ele respondeu.
- Acho que vamos ter que sair para jantar, de novo. Estou faminta.
- Também estou. Mas tenho uma idéia melhor... Ao invés de sairmos, porque não pedimos alguma coisa na recepção e ficamos aqui? Aliás, temos mesmo que ir para Roma amanhã? Podemos ficar aqui o resto de nossas vidas. Nesse quarto, nessa cama... O que acha?
- O jantar eu concordo. Quanto à Roma e “o resto de nossas vidas”, vou ter que te desapontar. Quero conhecer mais um pouco da Itália, sabia? – rimos.
- A Itália não vai fugir. Eu te trago aqui mês que vem. Passamos nossa lua de mel aqui. Nos mudamos para cá, se for o caso. Você vai se enjoar de Itália, prometo.
- Hum, propostas tentadoras mas... Não. Durante os dias conhecemos a Itália, como meros turistas, e durante as noites eu te recompenso. Feito?
- Feito. – nos beijamos pra selar o acordo. – Vou pedir nossa comida.

Ele foi até o telefone e me acomodei nos travesseiros, encarando o teto do hotel, sorrindo. Mais feliz do que nunca.

Fill my heart with song
Let me sing forever more
You are all I long for
All I worship and adore

In other words, please be true
In other words, I love you.

- Frank Sinatra.

N.A.: Primeiro texto da Bel neste blog, que inclusive, já tinha sido idealizado há alguns meses atrás e conta com algumas idéias da Ju.

Lembrando que este blog é de conteúdo PG-18, com textos pouco violento mas com várias insinuações e muitas AFIRMAÇÕES, portanto, não me responsabilizo por traumas e quaisquer outras reações atípicas ao lerem esta página (que é um blog de fanfic inspirado no mundo criado por J.K. Rowling, não possuindo fins lucrativos). Se você é menor de idade e/ou facilmente influenciado, saia imediatamente desta página e vá ler... Gibi!
(Novamente, falando como se alguém, além dos “de sempre” fossem ler esse blog, huahuahuahua! Mas não custa nada garantir, claro.)

Desabafo da Autora: Finalmente esse texto saiu! Pâtz! Agora Ian pode respirar aliviado, *risim*.